segunda-feira, 30 de julho de 2012

Texto de Reflexão

Segue o link do artigo de opinião publicado no portal EcoDebate

http://www.ecodebate.com.br/2012/07/19/o-silencio-eloquente-da-educacao-ambiental-no-pne-artigo-de-jorge-amaro-e-celso-sanchez/

sábado, 7 de julho de 2012

Olá,




Segue texto publicado na revista Desenvolvimento e Meio Ambiente
http://ojs.c3sl.ufpr.br/ojs2/index.php/made/article/view/23389/18576

Abraços


Antiecologismo no Congresso Nacional: o meio ambiente representado na Câmara dos Deputados e no Senado Federal


Anti-Environmentalism in Brazilian Congress:

The Environment in the House of Representatives and Senate

Inny ACCIOLY*

Celso SÁNCHEZ**

RESUMO

A pesquisa investiga a existência de um “movimento antiecológico” no interior do Congresso Nacional, a natureza dos protagonistas e destinatários do movimento, assim como analisa as suas estratégias de ação e o grau de periculosidade destas. Visto que a Câmara dos Deputados “compõe-se de representantes do povo” e o Senado Federal “compõe-se de representantes dos Estados e do Distrito Federal”, entende-se que este movimento encontra apoio em parcelas significativas da população e que suas estratégias têm obtido resultados. O trabalho foi realizado através do levantamento de dados de financiamento de campanha de parlamentares ligados a Comissões de Meio Ambiente, assim como seus posicionamentos manifestos na mídia. Observamos que nas campanhas eleitorais dos parlamentares estudados, atuaram como financiadoras empresas ligadas ao agronegócio e que respondem a processos ambientais e trabalhistas. Foi também possível constatar a desigualdade de forças entre o grupo “antiecológico” e o grupo ambientalista.

Palavras-chave: movimento antiecológico; Congresso Nacional; políticas ambientais.

ABSTRACT

The research investigates the existence of a strong “anti-environmental movement” inside the Brazilian Congress, the nature of the protagonists and recipients of the movement, as well as analyzes their strategies and their degree of dangerousness. Since the House of Representatives “is composed of representatives of the people” and the Senate “is composed of representatives of states and the Federal District”, it means that this movement finds support in significant portions of the population and that their strategies have obtained results. The study was conducted through data collection from campaign financing from the related parliamentary members of committees on the environment and their positions manifested
in the media. We observed that in the parliamentary election campaigns many companies involved in agribusiness and responding to environmental and labor processes acted as donors. It was also possible to verify the inequality of power between the “anti-ecological” group and the environmental group.

Keywords: anti-environmental movement; Brazilian Congress; environmental policies.


* Especialista em Educação Ambiental (PUC-Rio) e mestranda do Programa de Pós Graduação em Educação da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Pesquisadora do Laboratório de Investigações em Educação, Ambiente e Sociedade (LIEAS-UFRJ). Email: innyaccioly@hotmail.com

** Doutor em Educação (PUC-Rio). Professor do Departamento de Didática da Escola de Educação e Pesquisador do NGA (Núcleo de Gestão Ambiental) da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO). Email: celsosanchez@unirio.br

Desenvolvimento e Meio Ambiente, n. 25, p. 97-108, jan./jun. 2012. Editora UFPR

Os Riscos da Obtusidade dos Rumos da Economia Brasileira, artigo de Celso Sánchez | Portal EcoDebate

Segue texto publicado no portal EcoDebate sobre a falta de perspectiva ambiental na economia brasileira, sobre a nossa obtusa economia e o meio ambiente


Os Riscos da Obtusidade dos Rumos da Economia Brasileira, artigo de Celso Sánchez | Portal EcoDebate

terça-feira, 5 de janeiro de 2010

Novo Artigo publicado no Jornal Da Ciência

Este Artigo é uma resposta ao Senhor Candido Mendes e o dedico a Alain Tourraine

JC e-mail 3903, de 03 de Dezembro de 2009.

24. Sobre pererecas e desenvolvimento, artigo de Alexandre Guimarães Vasconcellos e Celso Sanchez

"É triste ver que o que temos de especial para mostrar ao mundo no terceiro milênio ainda é tratado como lixo"
Alexandre Guimarães Vasconcellos e Celso Sanchez são biólogos e professores. Artigo enviado pelos autores ao "JC e-mail":

Recentemente foi noticiado pelos jornais que uma perereca rara de nome Physalaemus soaresi interrompeu a principal obra do PAC no Estado do Rio de Janeiro. Isto ocorreu porque parte dos 77 km deste fundamental empreendimento, o Arco Metropolitano, que ligará Itaboraí ao porto de Itaguaí, passaria por cima de sua única moradia nesse planeta.

Ao invés de ser um fato amplamente comemorado, por se tratar da preservação de uma espécie endêmica do nosso estado, foi duramente criticado pelo governo que se viu ultrajado pelo relatório técnico de um funcionário de quarto escalão que resultou na paralisação da obra em respeito à legislação ambiental.

Ficamos pensando por que o Brasil, com a maior riqueza em biodiversidade do mundo, recebe apenas cinco milhões de turistas por ano, enquanto a França recebe 78 milhões, a Itália 40 milhões e a Inglaterra 32 milhões.

Lemos uma reportagem sobre a construção da linha 3 do metrô de Roma, em que os arqueólogos - que vão à frente dos construtores - comentam eufóricos que encontraram algo fantástico, "um auditório romano do século II", que provavelmente atrasará por vários meses a obra do metrô, além de gerar a mudança do traçado original.

Notamos a diferença no tratamento da matéria. Enquanto no Brasil a perereca apelidada como Norminha é vista como um entrave ao desenvolvimento, lá a manchete é outra: "Obras do metrô de Roma revelam tesouros arqueológicos". A verdade é que aqui nossos tesouros são tratados como algo inoportuno, ficando evidente a cegueira diante do potencial da biodiversidade. Percebe-se neste caso que o Brasil ainda não descobriu o Brasil.

Enquanto vários quilômetros foram mantidos desocupados na Inglaterra ao redor de Stonehenge, para que o monumento pudesse ser preservado junto com sua paisagem, aqui a primeira ideia foi cercar a perereca com placas de metal, para que, uma vez confinada e finalmente esquecida ou extinta, não mais atrapalhasse os planos da estrada.

Por lá os movimentos de defesa do patrimônio são vistos como aliados dos avanços sociais e culturais e por aqui, por incrível que pareça, em pleno século XXI, os defensores do meio ambiente são vistos como ecochatos e propagadores de um nuveau richisme.

É triste ver que o que temos de especial para mostrar ao mundo no terceiro milênio ainda é tratado como lixo. Imaginem se os governantes de Roma tivessem removido uma construção velha chamada Coliseu, ou se os governantes de Piza tivessem pensado: "Esta torre já está caindo mesmo...". Será que eles teriam o volume de turistas que têm hoje?

Além da questão do turismo com foco nas riquezas da biodiversidade brasileira, não devemos esquecer que em uma espécie de nossa fauna ou flora pode estar presente a cura para alguma doença que aflige nossa população. Para exemplificar, podemos citar pesquisa divulgada pela Agência Fapesp, realizada pelo Instituto Adolfo Lutz e pelo Instituto Butantan, que identificou dois esteroides no veneno do sapo-cururu capazes de destruir o parasita causador da leishmaniose visceral.

O ser humano só tem a possibilidade de cuidar e de respeitar aquilo que faz parte de seu universo simbólico. Por isso, precisamos ensinar aos jovens brasileiros sobre os nossos tesouros materiais e imateriais. Caso a forma deles pensarem transcenda a atual, teremos algo de especial para mostrar ao mundo em 2016 e 3016.

terça-feira, 9 de junho de 2009

Aproveitando para divulgar meu artigo

Um Reflexão ou desabafo...

Este artigo é dedicado a minha amiga Merikol

Desenvolvimento sim! Mas qual desenvolvimento e para quem?

A estrada de terra que me leva a Patrimônio, um simples, pobre, mas aconchegante distrito do município de Paraty é muito esclarecedora do momento que vivemos hoje. Trata-se de um tempo de escolhas, de decisões, de pensar no agora ou no amanhã. É na verdade, uma espécie de espelho, espelho meu ou oráculo de nosso tempo.
Tive a oportunidade, dia desses, de passar por um dos novos moradores do entorno desta estrada que exige tração nas quatro rodas e tempo bom para ser vencida. Trata-se de uma criança de nove anos, Pedrinho, filho, neto, bisneto, tataraneto de pescadores caiçaras da baía da Ilha Grande e Paraty. Ele corria para sua casa, com caderno e lápis, vindo da escola há quatro kilometros dali. Lá era esperado por seus seis irmãos, seu Valdomiro, o pai e pescador renomado, dona Itelvina, mãe e responsável pela melhor moqueca caiçara feita todo domingo, com robalo e banana cozida no forno a lenha. A casa simples, de apenas três cômodos, feita em pau-a-pique revela o improviso da família que antes habitava uma ilha perto de Itaguaí. Cumprem-se seis meses desde que foram morar ali. Precisaram desocupar sua antiga casa quando o pescado sumiu, muito provavelmente por conta da construção do porto de Sepetiba, uma das mais importantes obras em andamento no país representando um dos maiores investimentos privados da ordem de cinco bilhões de dólares e que será capaz de escoar toda a produção de minério de ferro e aço da multinacional alemã que ali se instalou em parceria com a privatizada, porém enxuta e bem sucedida, Vale.
A família de seu Valdomiro é apenas uma das cerca de oito mil outras famílias de pescadores da região de Itaguaí, Sepetiba e adjacências. Muitos já se foram desde que as obras começaram, comunicam que o pescado, seu sustento, sumiu. A empresa responsável pelo porto e pelas obras contesta e afirma que serão gerados cerca de vinte mil empregos diretos e que a região se tornará em um dos grandes pólos de geração de desenvolvimento do país. Na verdade, a obra está em sintonia e é crucial para o sucesso do PAC no Estado do Rio de Janeiro. O governador do Estado e o próprio presidente da república fizeram questão de participar das comemorações desta festejada obra que tem financiamento do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico Social).
Aliás, é importante se dizer que vivemos um momento sui generis no desenvolvimento nacional. O PAC é certamente, uma das mais importantes propostas de desenvolvimento já vistas no país. Não se via um canteiro de obras tão copioso desde os tempos de Juscelino Kubitschek. O PAC é um esforço programado e planejado de desenvolvimento. Mesmo só tendo atingido 3% de sua meta, segundo a fala da atual chefe da casa Civil Ministra Dilma Houssef, este programa já pode ser considerado um dos grandes momentos da história do desenvolvimento de nosso país.
Os beneficiados deste desenvolvimento já podem ser reconhecidos. São corporações, empresas, bancos que se consolidam como os maiores do mundo. Além disso, o país tem atraído capital estrangeiro, grandes empresas têm lucrado aqui enquanto fecham as portas em seus países sede por conta da crise que, aliás, por aqui parece ser apenas uma marolinha. No entanto, entre os beneficiados e os que se regozijam neste momento, certamente entre eles não está Pedrinho, nem seu Valdomiro e família.
A sua ausência pouco notada é, no entanto, reveladora. Ela nos evidencia um outro lado do progresso, um lado sombrio que revê leis, princípios,valores. Um lado capaz de contrariar conquistas sociais, ambientais dos anos sessenta, setenta, um lado que se esquece dos índios, pescadores, quilombolas, miseráveis, favelados, sem terras e todo tipo de gente invisível deste país, mas que, no entanto, é a maioria e a que ainda insiste em ser a nossa brava gente brasileira.
É certo que precisamos do desenvolvimento, mas precisamos perguntar também qual desenvolvimento? Precisamos qualificá-lo, pensar no que é que estamos chamando de progresso. Qualificar o desenvolvimento significa atribuir sentido a ele, atribuir um predicado, uma destinação. Não podemos pensar apenas no desenvolvimento econômico, sem incluir as pessoas e seus ambientes. Não queremos des-envolvimento, ao contrário, precisamos envolver as pessoas, incluí-las. Isto pressupõe o respeito e reconhecimento pelos seus modos vivendi, significa respeito e consideração aos ambientes naturais. É por este viés que somos atravessados pela perspectiva da sustentabilidade, da preservação ambiental.
A região onde hoje se localiza o porto de Sepetiba era um imenso manguezal. Não podemos mais ceder a este modelo de progresso que visa o desenvolvimento econômico e que destrói nossa biodiversidade e nossa sociodiversidade, trata-se de um momento de escolhas, de decisões, se queremos um futuro melhor para nós mesmos ou para nossos filhos e netos. Naquele dia o caderno de lições que Pedrinho trazia da escola tinha uma tarefa para casa: faça uma redação sobre a importância de cuidar da natureza. Precisamos todos nós desta lição de casa.

Celso Sánchez

Artigo publicado na edição de 12 de julho do COMUNICANDIDO e no site http://uvaonline.uva.br/mkt/template_portal_uva/janela.asp?codConteudo=9008
em 12 de junho de 2009

sábado, 24 de março de 2007

Dia da Água - Economize suas Lágrimas!

Artigo publicado hoje no JB


A água é um bem precioso que ocupa três quartos do nosso planeta e, em mesma proporção, o corpo humano. Nosso país privilegiado possui cerca de 11,6% da água doce superficial do mundo, mesmo assim cerca de 70% dela está na região amazônica e os 30% restantes estão disponíveis de forma profundamente desigual para cerca de 90% da população nacional concentrada no Sul-Sudeste. Precisamos de água para beber, para mover a indústria e a irrigação e, para nossa desolação, transformamos a água pura dos rios e lagoas em grandes esgotos a céu aberto que irão custar tempo, dinheiro e esforço para serem saneados em um futuro a perder de vista. Em poucas décadas, de recurso natural abundante, a água transformou-se em commodity, em recurso escasso com valor de mercado afetando principalmente os países pobres, mas também os ricos.Tal cenário agravou-se com a evolução da questão climática que, como resume Al Gore, criou uma “colisão colossal, sem precedentes, entre a nossa civilização e o planeta Terra”. 3,2 bilhões de pessoas enfrentarão escassez de água, diz o novo relatório do IPCC. Segundo o consultor científico do Reino Unido, Sir David King, os mapas-múndi terão que ser redesenhados pois a água dos oceanos está subindo e as geleiras derretendo. Muitos países-ilhas vão desaparecer e, no litoral brasileiro, vinte pontos serão gravemente atingidos, especialmente a Região Metropolitana do Rio de Janeiro e de Recife. No Dia Mundial da Água cabe alertar para o fato de que uma das áreas mais afetadas pelas mudanças climáticas é a dos recursos hídricos, com a alteração radical do regime de chuvas, ora sujeito a inundações, calamidades e desastres que irão atingir os pobres urbanos, ora sujeito a longos períodos de secas que transformariam o Nordeste em área desértica. Diversos rios na Amazônia estão fadados a desaparecer e parte da região vai se converter em um cerrado ralo. Da mesma forma será afetado o abastecimento de águas da região Sudeste. Este é o quadro desolador anunciado pelo Relatório Stern que será anunciado no próximo mês e ao qual nossos políticos não parecem atribuir nenhuma importância. O Plano Nacional de Recursos Hídricos, que acaba de ser elaborado pelo Ministério do Meio Ambiente, sequer menciona o tema que vai abalar nossas vidas nos próximos cinqüenta a cem anos. Triste do país governado por políticos desnorteados e dissociados das grandes questões que redirecionam o mundo! Nossas elites precisam ter a coragem de tomar decisões importantes e transformadoras, mudando o modelo energético e os padrões de consumo .
O atípico verão de 2007 iniciou-se com intensas chuvas, seguido de quase um mês seco e de intenso calor com belos dias ensolarados. Já paira no senso comum a percepção de que o clima mudou. A população está se dando conta do quanto a devastação ambiental afeta sua qualidade de vida. Assuntos e debates sobre temas ambientais, antes restritos aos rincões acadêmicos, hoje ganham as ruas sob a influência de uma mídia cada vez mais atenta. Muitos acreditam que a natureza está se vingando e que precisamos repensar certos hábitos cotidianos que levam ao desperdício. Estamos vivendo em um ponto de mutação a partir do qual a temática ambiental é uma questão de contabilidade e se converte, cada vez mais, em reivindicação social. No Dia da Água há pouco o que comemorar a não ser com lágrimas. A água é um recurso estratégico na nossa governabilidade. É surpreendente receber um Programa de Aceleração do Crescimento em que as metas ambientais não estão definidas nem ocupam um lugar central de destaque no planejamento do país. Como podemos ser liderança internacional em bioenergia, biocombustíveis e biotecnologia sem contabilizar o suprimento e os gastos com a água? Comemorou-se por estes dias, a retomada do agronegócio e da soja, sem medir o preço embutido da água em cada grão de soja exportado para outros países. Fala-se em transposição do Velho Chico que agoniza de sede em uma região que se desertifica. Fomenta-se a construção de grandes barragens e hidrelétricas, desperdiça-se água demais nos prédios, nas casas, nas calçadas. Os recursos naturais são interdependentes. Não podemos proteger a água sem cuidar das matas ciliares, das nascentes dos rios, e das florestas que os abrigam e os fazem crescer. Temos sede, muita sede de transformação.

Aspásia Camargo, socióloga e vereadora, professora da EBAPE, FGV e Celso Sánchez, biólogo, Professor do IAVM/UVA
Presidente da ONG BIOética
www.ongbioetica.org.br
celsosanchez@pop.com.br